Corretora especialista em mercado de luxo explica o fenômeno
Em 2021, quando a corretora de imóveis Marcele Machado decidiu abrir filial de sua imobiliária em Balneário Camboriú, ela já percebia a valorização imobiliária fora do comum da cidade do litoral catarinense. A cidade foi gradualmente subindo de posto até atingir o topo em abril de 2022, com o valor chegando atualmente a 11.447 o m².
Para um município com pouco mais de 150 mil habitantes os números impressionam. Com apenas 45,214 km² de extensão, BC é a segunda menor cidade do Estado, de acordo com o Instituto de Geografia e Estatística (IBGE), ficando atrás apenas de Bombinhas, com 35,143 km².
Vinda de Curitiba, Marcele notou que a demanda de clientes que compravam imóveis na capital paranaense, também migrou para o nosso litoral, adquirindo imóveis para investimento, e até segunda moradia.
E Santa Catarina foi além na valorização. Hoje, das 10 cidades com o metro quadrado mais caro do país, quatro estão no Estado, e Itapema, vizinha de Balneário Camboriú chegou ao segundo lugar, ultrapassando recentemente Vitória, no Espírito Santo. O metro quadrado em Itapema, em janeiro de 2023, chegou a R$ 10.614. Nos últimos 12 meses, a cidade registrou 16,54% de valorização. Fecham a lista de catarinenses Florianópolis com R$ 9.492 e Itajaí, R$ 9.242.
Mas afinal, o que faz a cidade ultrapassar capitais como São Paulo e Rio de Janeiro, com seus bairros badalados?
Para Marcele, uma soma de fatores justifica essa valorização. Ela cita, por exemplo, a geografia local, onde além da praia, a cidade é cercada por vegetação. Índices como segurança, governança, saúde, educação e qualidade de vida também colocam Balneário Camboriú como destaque nacional e atraem investidores.
O acesso facilitado ao município também conta, afinal é possível chegar pelo mar, BR-101, cujo trecho é um dos melhores do país e através dos aeroportos, como Navegantes (33 km), Florianópolis (95 km), Joinville (130 km), ou ainda o aeroporto para pequenas aeronaves de Porto Belo (25 km). O Condomínio Aeronáutico Costa Esmeralda, inclusive atende à demanda de proprietários de imóveis aqui, que atuam no agronegócio. Um avião de São Paulo para Navegantes, por exemplo, leva cerca de 50 minutos, o que faz da região acessível e contribui para a valorização.
Porém, o alargamento da faixa de areia da Praia Central, que recentemente completou um ano, é definitivamente o principal fator que justifica a posição de líder no ranking do metro quadrado mais caro do Brasil.
Balneário Camboriú sempre atraiu investidores e turistas, e antes mesmo do alargamento a construção civil já se destacava. O município concentra o maior número de arranha-céus no ranking dos prédios super altos no Brasil de acordo com o Council on Tall Buildings and Urban Habitat (CTBUH). Dos 10 primeiros, ao menos seis estão na cidade. E vem mais por aí; o maior edifício residencial do mundo será construído na cidade, com 154 andares, e já desperta o interesse de clientes.
Para Marcele, por conta do território pequeno, os prédios ficaram cada vez mais altos e isso chama à atenção, inclusive fora do país.
Se antigamente era necessário explicar onde ficava Balneário Camboriú, hoje a cidade é referência imobiliária, e acabou puxando os municípios vizinhos.
“Quando uma cidade como esta valoriza muito, é natural que outros municípios peguem carona, uma vez que a demanda por terrenos fica menor. Itapema, Itajaí e Camboriú devem sentir esta valorização também”, pontua a corretora, que atua no mercado de luxo.
Ela acrescenta que a cidade deve registrar um aumento ainda maior nos valores dos imóveis no futuro. “A partir de investimentos nas áreas de convivência como o calçadão da Praia Central, certamente haverá uma maior procura pelos prédios de luxo e arranha-céus do município”.
Para Marcele, ganham os moradores, que têm seus imóveis valorizados e ganha a cidade, que receberá cada vez mais investimentos e turistas.
Sobre Marcele Machado
Vinda do Paraná, hoje ela é uma das mais conceituadas corretoras de imóveis de Balneário Camboriú. Marcele tinha apenas 18 anos, quando recebeu sua oportunidade no mercado imobiliário, e, embora não tivesse carro nem a documentação necessária, resolveu apostar. Em apenas uma semana, vendeu seu primeiro imóvel.
O retorno financeiro começou a aparecer e a jovem Marcele, em pouco tempo já tinha uma casa e carro próprio.
Abriu sua própria imobiliária em Curitiba e com o sucesso por lá e a alta demanda de clientes que investiam nas duas cidades, abriu uma filial em Balneário Camboriú.
Com já quase 15 anos de expertise no mercado imobiliário, Marcele atingiu em apenas um ano, números em vendas dignos de grandes premiações. Em apenas um empreendimento, foram mais de 23 milhões de reais vendidos. Em dezembro de 2022 chegou a marca de mais de 64 milhões de reais em vendas, numa cidade que pouco conhecia.
Atenta ao mercado, além da corretagem ela promove cursos e palestras na área, onde espera ajudar outras mulheres a entrarem neste ramo.
Fotos Marcele: Márcio S. Junior
Imagens BC: Rafael Mendes