Arte & natureza: Ressignificando a casca da araucária e a pedra de moinho

Uma tendência que veio para ficar é o uso de materiais naturais na decoração e no design de interiores. Especialmente nas obras de arte, os recortes da natureza são inspiradores e trazem uma atmosfera acolhedora aos ambientes. Na curadoria de arte do ambiente Refúgio do Tempo na CASACOR SC, edição Itapema, o arquiteto Felipe Medeiros, de Joinville, escolheu uma escultura feita da casca de uma araucária.

Exposta na entrada do ambiente, a escultura apresenta a nobre e rara casca de araucária, onde ainda se pode identificar seus nós presos. Para o arquiteto, a presença da escultura vem ressignificar a madeira de araucária, considerada de extrema importância, não apenas pelos seus valores ambientais e econômicos, mas também pela urgência em preservar essa espécie ameaçada de extinção devido à exploração histórica descontrolada.

Na base da escultura, a pedra de tafona, conhecida também como pedra de moinho, é encontrada nos antigos engenhos para a produção de farinha. São rochas robustas, que funcionavam em pares: uma superior, chamada de “correia”, que girava sobre uma inferior fixa, conhecida como “soleta”. A força para movê-las vinha de animais como bois e mulas, ou da energia hidráulica de rios e riachos. 

Além de serem vitais para a produção de farinha, as pedras de tafona possuem um grande valor histórico e cultural, simbolizando a engenhosidade e o trabalho árduo dos antepassados. Hoje, muitas dessas pedras são preservadas como patrimônio histórico, 

oferecendo um vislumbre das técnicas e desafios enfrentados na época, contribuindo para a compreensão da evolução das práticas agrícolas e industriais. 

Sobre o profissional

Baseado em Joinville, Santa Catarina, Felipe Medeiros, desde 2009 realiza trabalhos em diversas áreas e escalas, do mobiliário ao arquitetônico, desenvolvendo projetos comerciais, interiores e residenciais. Partindo da relação estética em meio à produção arquitetônica e com uma leveza decorativa, estes conceitos regem a assinatura de seus projetos.  As formas desenhadas e a composição de linhas proporcionam ambientes com personalidade e aconchego. Os espaços são estudados para que haja o melhor aproveitamento da luz e elementos naturais. São desenvolvidos pensando na forma de habitar, trabalhar, conviver e viver, e assim, transformados na sua realidade. A busca por uma materialidade diferenciada e o comprometimento com a identidade dos clientes resultam em uma linguagem própria, tornando cada projeto único. Felipe Medeiros (Joinville – 1986) é arquiteto formado em 2009, colaborou em escritórios reconhecidos e fundações até iniciar seu próprio escritório.

Fotos: Lio Simas

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