Nascido em Tupã, interior de São Paulo, Glauber Rodram sempre conviveu com arte. Quando criança, observava a sua avó pintar imagens sacras durante as tardes, em um jardim repleto de árvores frutíferas e muitas borboletas.
Tempos depois, já crescido e formado em outra área, recebeu a visita de uma delas em sua casa. Era uma espécie de asas amarelas, que rapidamente coloriram os pensamentos do profissional.
Ele havia recém-saído do mundo corporativo e buscava outros ares, algo que reunisse as coisas nas quais acreditava e o estimulava. “Fui levado a um período mágico da minha vida: a infância e a adolescência. Uma conexão que eu jamais havia sentido”, comenta.
Glauber passou a pesquisar tudo sobre borboletas. Desejava saber cada detalhe relacionado a esse universo. Em um de seus mergulhos profundos, se deparou com uma fragilidade que não imaginava.
“Cerca de 40% das espécies estão sob ameaça de extinção. Trazer um ser tão magnífico para o centro do debate climático é uma maneira de despertar e conscientizar as pessoas sobre o quão grave são as alterações do bioma e suas consequências”, diz.
E foi isso que ele fez. Criou o Borboletário e começou a desenvolver peças a partir de uma técnica de macramê chamada fiber emballage, muito utilizada em esculturas têxteis. Consiste em encapar fios e cordas com outros fios e arrematar com nós. Uma verdadeira coreografia feita com as mãos!
Ele usa diversos materiais, como algodão reciclado, seda, veludo, lã, viscose, chenile, rami, sisal, juta e fibra de bananeira. “A base das peças é feita com algodão reciclado. Dou prioridade à uma fabricante que faz a fiação a partir do resíduo de grandes indústrias têxteis”, ressalta.
Aliás, optar por alternativas que respeitam o meio ambiente está no centro do trabalho de Glauber. “Quando opto por fibra de bananeira, compro de uma comunidade de artesãs de Nova Porteirinha (MG). Já a seda, procuro em uma fábrica de Maringá (PR) que reaproveita casulos de descarte das tecelagens”, explica.
Processo criativo
Segundo o artista, os clientes costumam enviar fotos da borboleta que desejam ou então especificam apenas uma paleta de cores. Para reproduzir espécies, ele pesquisa quais são os detalhes da asa, sobretudo a morfologia e a disposição das nervuras.
“Alguns gostam de mandar imagens do ambiente e dos objetos que estarão por perto. Cada caso é tratado com atenção total para que todas as expectativas sejam atendidas”, diz.
E todas as obras têm o seu tempo. Quando são de grandes proporções, por exemplo, podem ultrapassar a barreira das 300 horas de criação. “Para se ter uma ideia, uma grande consome cerca de 5 km de barbante somente na base, fora todos os outros fios que recobrem as meadas”, comenta.
A riqueza de detalhes, a preocupação com o meio ambiente e o cuidado em entregar algo que transcende a decoração têm chamado a atenção de diferentes clientes mundo afora. Tudo começou em São Paulo e no Rio de Janeiro, mas Glauber conta que já há exemplares em todo o Brasil. Há também peças voando cada vez mais alto, em Portugal, Estados Unidos, Panamá, Costa Rica, Espanha e Marrocos.
E mais: 2023 marca a estreia do Borboletário na CASACOR, nas edições do Paraná, Mato Grosso, Bahia, Brasília e Santa Catarina/Florianópolis. Segundo o artista, há também outros projetos especiais em andamento, como exposições na Cinemateca, em São Paulo, e em Nova Iorque.
“Sou muito grato aos sinais que me foram enviados para que eu continuasse sempre acreditando na força e no poder transformador da arte. Durante esse tempo, pude ver o quão importante é o propósito do Borboletário, que segue em voo livre”, comemora.
Arte & Sintonia:
Shopping Casa & Design – SC-401, 4850 – Loja 23/30
Horário: das 9 às 19 horas
Instagram: @artesintonia
Telefone/Whatsapp: (48) 99208-4089
Borboletário:
Instagram: @Meuborboletário
Telefone/Whatsapp: (41) 99941-2156