” A reposição hormonal é uma ótima opção de tratamento e os médicos têm obrigação de discutir isso com as clientes e oferecer o que há de novo no mercado e na literatura”, declara médico ginecologista
As mudanças são visíveis nas mulheres. Os fogachos, ou calorões, não passam despercebidos, com eles vem também os distúrbios no sono; o humor que, geralmente, se torna mais depressivo; alteração na memória; a pele fica diferente, os cabelos mais finos e quebradiços, além de ganho de peso e mudanças na área genital, pois a vagina sofre ressecamento, tudo isso tem nome: menopausa.
Essas alterações começam em torno dos 48 ou 50 anos de idade, sendo que na América Latina, segundo estudos, a idade média fica em torno dos 47 anos. Já quando a menopausa ocorre antes dos 40 anos é considerada precoce e acima dos 55 é considerada tardia.
O médico ginecologista Darlei Dawton Colzani, membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM, explica que a menopausa é um evento fisiológico que representa a interrupção definitiva da capacidade reprodutiva da mulher, pois acaba a função ovariana. “A mulher nasce com uma população de folículos ovarianos que começam a se desenvolver na puberdade e fazem com que ela entre na fase reprodutiva. Quando ocorre o esgotamento desta população folicular dos ovários, a mulher para de produzir hormônios, para de ser fértil e entra na menopausa. Por definição, a menopausa é a mulher que está há um ano sem menstruar”, frisa.
O profissional lembra ainda que, a população também precisa entender o que chamamos de climatério que é um período de transição da vida reprodutiva para a menopausa, onde acorrem várias modificações endócrinas, biológicas e clínicas no organismo da mulher. “Isso acontece, por causa da função ovariana que vai diminuindo gradativamente, não é de um dia para o outro. Ocorrem modificações no ciclo menstrual, onde eles vão ficando mais longos ou até em períodos com hemorragias. Essa fase do climatério é a mais importante e é o que mais vimos diariamente na clínica”, completa.
SEXUALIDADE
As alterações na vida sexual feminina são multifatoriais. Existem outros hormônios que não apenas os da menopausa, o estrogênio e a progesterona, que são responsáveis pela libido. Neste caso, acabamos falando da testoterona que, hoje em dia, tem gerado estudos frequentes sobre a síndrome da deficiência androgênica ou da insuficiência androgênica, que é essa diminuição da produção de testoterona e que ocorre alguns anos antes da menopausa.
“Precisamos ver essa mulher integralmente, globalmente, de uma forma bastante dinâmica, entender o que ela está buscando e comparar também com as alterações que possamos achar. Não adianta se basear em exame de laboratório, pois os hormônios são produzidos em ritmos diferentes dependendo da hora do dia. Precisamos prestar muita atenção no que a mulher vem nos pedir e quais as suas necessidades e expectativas. Essa parte da libido é realmente uma questão bastante delicada e cada vez mais a gente tem tratado as mulheres neste sentido. Não só na reposição hormonal, de estrogênio e progesterona, que é da menopausa, mas também entrando na parte dos androgênios”, explica detalhadamente o médico.
TRATAMENTOS
De acordo com o ginecologista, “a reposição hormonal é uma ótima opção de tratamento e os médicos tem obrigação de discutir isso com as clientes e oferecer o que há de novo no mercado e na literatura. Óbvio que nem todas as mulheres poderão receber alguns tipos de hormônios, por isso cada caso tem que ser individualizado, pois cada organismo é único. Precisamos atender essa paciente e avaliá-la de uma forma integral, saber também das suas queixas, das suas necessidades e das suas expectativas com aquela fase que ela esta passando e com o tratamento que ela veio buscar”.
O médico alerta ainda sobre a importância de tratar as mulheres dentro de um período que chamamos de “janela de oportunidade”, pois “depois de um certo tempo não adianta mais” e as principais consequências de uma menopausa não tratada não são os calorões, não é a libido baixa, mas os problemas médicos de uma maneira geral. Como exemplo ele cita a comprovação de que a terapia de reposição hormonal reduz o índice de doenças de Alzheimer e age muito na massa óssea.
“Uma das doenças que mais matam na menopausa é a osteoporose. Por exemplo, uma mulher não tratada vai sofrer uma fratura, vai ficar acamada e vai acabar morrendo em consequência de uma trombose ou pneumonia. Então, é muito importante que as mulheres sejam atendidas de forma integral, tenham suas queixas valorizadas, entendidas pelo profissional e, como já falei, nós ginecologistas, temos a obrigação de tratar destas mulheres”, conclui.