“(…) estamos vivendo uma pandemia de miopia e o uso excessivo de celular, aliado à pouca atividade ao ar livre, está impactando muito na visão das crianças. Elas estão ficando míopes mais cedo”, fiz a médica
Pesquisas apontam que 34% dos brasileiros nunca foram ao oftalmologista e outros 74% só procuraram um médico quando sentiram algum problema nos olhos e mais, segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, 60 a 80% dos casos de cegueira no Brasil seriam evitados se houvessem realizado uma avaliação precoce.
De acordo com a médica oftalmologista, Dra Maiara Dalcegio, membro da Associação Brusquense de Medicina – ABM, é muito comum o hábito de se procurar um especialista apenas quando a pessoa não está enxergando bem ou quando sente algum incômodo nos olhos. No entanto, diversas doenças que acometem os olhos iniciam de forma silenciosa e, até a pessoa sentir que algo “não vai bem”, pode ser tarde demais para reverter o que foi perdido.
“Existem muitas doenças que, se detectadas em estágios mais avançados, torna-se muito mais difícil de desacelerar ou parar, levando a uma eventual cegueira ou baixa visão, como o Glaucoma, a Catarata, Ambliopia por erros de refração não corrigidos em tempo, a degeneração macular, a retinopatia por diabetes, e o ceratocone. Por isso é importante, em toda consulta de rotina com o médico oftalmologista, avaliar a pressão ocular, a curvatura da córnea, a retina, e todas as partes do olho, a fim de diagnosticar precocemente qualquer alteração e evitar danos mais graves aos olhos”, lembra a médica.
USO EXCESSIVO DE TELAS
Segundo a Dra Maiara Dalcegio, nos dias atuais outro problema tem afetado, e muito, a saúde dos olhos: o uso excessivo de telas. Conforme ela explica, o uso prolongado de aparelhos eletrônicos traz efeitos em nossa saúde visual, sendo comum a sensação de cansaço, cefaleia, ardência, sensação de olho seco, hiperemia (vermelhidão) ocular, entre outras queixas.
Além disso, existe o efeito da Luz Azul das telas. Já é comprovado que a luz azul influencia o ciclo circadiano, ou seja, no nosso ciclo natural de sono e vigília. Durante o dia, a luz azul nos estimula a ficarmos acordados, mas o excesso de luz azul durante a noite atrapalha o sono. Existem, ainda, diversos estudos pesquisando os efeitos da luz azul e seus possíveis impactos na retina e demais áreas dos olhos.
“Eu recomendo evitar o uso de telas próximas aos olhos nas 2 horas que antecedem seu horário de dormir. Além disso, você pode ativar o modo de luz noturna nos aparelhos à noite, para que uma menor quantidade de luz azul seja emitida”, destaca a médica.
No entanto, ainda de acordo com a oftalmologista, nem toda luz azul é maléfica. O Sol é o nosso maior emissor de luz azul. Em altas quantidades, esta luz traz danos aos olhos, mas recentes estudos mostram que, na infância e adolescência, estar presente em ambientes com luz solar natural, oferece uma proteção contra o surgimento e o aumento de miopia. Então a dica é: evitar luz azul durante a noite e estimular crianças a brincarem ao ar livre.
ALTO ÍNDICE DE MIOPIA EM CRIANÇAS
Quando conversamos sobre o uso de telas, é importante relatar o impacto de seu uso no crescente número de miopia nas crianças e adolescentes. De acordo com a médica, “estamos vivendo uma pandemia de miopia e o uso excessivo de celular, aliado à pouca atividade ao ar livre, está impactando muito na visão das crianças. Elas estão ficando míopes mais cedo e o grau está progredindo mais rapidamente e alcançando valores mais altos que nas gerações anteriores”, frisa a médica.