Médica dá dicas importantes para realizar as tarefas diárias sem excesso, cuidando da família e, principalmente, do próprio bem-estar
Na casa da família Gelinsky a rotina é intensa. A mãe, a jornalista Gizelle Gelinsky, apesar de trabalhar home office, tem um trabalho que demanda tempo, então tudo precisa estar muito bem organizado. Quando o marido está no trabalho e não pode ajudar, é dela a responsabilidade de preparar os dois filhos para a escola, cuidar da casa, do pai que vive com eles, além de outras atividades diárias como ir ao mercado, preparar as refeições, entre outras. “Houve um tempo que, apesar de separar um momento para assistir um filme com meus filhos, eu me sentia culpada por não ter mais tempo com eles, então precisei parar e reorganizar tudo. Hoje, ainda não é o ideal, mas temos mais momentos e passei a dar mais atenção a mim mesmo, como voltar para a academia. Já vejo diferença”, conta.
A médica psiquiatra Priscila Rosaly Beltrão de Souza, membro da Associação Brusquense de Medicina, explica que, se não há uma percepção da complexidade dos seus papéis e limites, essa mulher pode ter a sensação que sempre está em dívida com algo, de incapacidade e de autoestima baixa. “A maioria das mulheres sofre essa pressão das múltiplas conexões que desempenha, mas isso tem mudado. O grande desafio para a mulher é ver-se como um ser bio-psico-social e espiritual. Então, para qualquer estilo de vida que seja saudável, ela precisa passar pelo biológico, como fazer exames, retornar ao ginecologista e fazer as consultas odontológicas. No psicológico, cuidar do mundo emocional, se comunicar e falar das suas preocupações, ter amigas para conversar e ter o lado social, além do lado espiritual, que muitas vezes serve para aliviar o nosso fardo, como um consolo, que é o nosso relacionamento com o ser superior”, descreve.
A especialista conta que, em seu consultório, tem observado mulheres adoentadas emocionalmente com Transtorno de Ansiedade , Episódio Depressivo ou até distúrbios mais graves. Em todas as estações de vida da mulher existem desafios, sejam eles no início da vida compartilhada a dois, na maternidade, passando por eventuais separações e perdas, papel de avó ou mãe, pelo climatério até o ciclo dos 60 anos ou mais.
“O que elas precisam fazer? Primeiro, valorizar quando realmente se percebe esgotada, doente e ultrapassando seus limites. O segundo ponto é aquele mais importante de um relacionamento, a questão da comunicação. Neste caso, não se trata somente do papel do marido, do parceiro ou daquela pessoa que está ao redor dela, mas se existe filhos, se existem agregados, pessoas que moram dentro desta casa e que dividem esse espaço comum, é fundamental ter uma conversa e estabelecer regras, comunicação e, quem sabe, até fazer uma escala de tarefas”, sugere a médica.
A psiquiatra comenta que, apesar destas situações, vê que a realidade está mudando. De acordo com ela, a mulher da famosa Geração Z e da geração de mulheres que nasceram na década de 90 até o ano de 2010, já estão mais preparadas para a vida e para dividir as tarefas, e os homens também , dentro de um relacionamento. “Mas eu quero chamar a atenção para os filhos desta geração, pois é muito importante que eles saibam que fazem parte de uma família, que tem tarefas, obrigações e até de fazer renúncias, pois quem sabe um dia vai precisar fazer alguma coisa porque alguém está doente, a mãe está cansada, o pai está estressado com o trabalho ou o irmãozinho menor está chorando. Claro, quando a mãe tem um bebê pequeno, ela acaba sendo mais absorvida, mas é neste momento que ela merece ser ainda mais acolhida”, recomenda a médica aos familiares.
Com tantas atribuições e uma vida multitarefada, a dica da doutora Priscila para as mulheres manterem uma saúde mental em dia, segue o caminho da atividade física. Segundo ela, se a pessoa não frequenta uma academia, a sugestão é sair de bicicleta, fazer caminhadas, correr, socializar e encontrar mais os familiares, fazer parte de grupos e ter um relacionamento sadio. “No caminho do trabalho, a dica é exercer uma função onde não haja uma sobrecarga, além de um período de sono equilibrado, com média de sete a oito horas de sono, alimentação saudável e fazer parte de uma família onde cada um desempenhe o seu papel nesta casa. Assim, essa mulher não vai se sentir sobrecarregada ou fora do seu limite. Ela pode ser até a maestrina desta orquestra que é a família, mas é fundamental que ela sinta que todos estão ajudando a construir com essa familia”, segure a médica.
Além disso, a Dra Priscila, reforça que, “as mulheres precisam encaixar entre as tarefas e compromissos diários tempo para meditar, contemplar a natureza ou ouvir seu estilo de música favorito, fazer parte de um grupo, ter o seu momento de não fazer nada e divertir- se com coisas simples. Acredite, isto pode não custar muito tempo no seu dia, mas fará diferença porque você estará atendendo as suas necessidades e trará uma sensação de bem-estar”.